Um resumo pequeno - e incompleto - da Mitologia Grega para facilitar a vida de todos.
Era dos deuses
Ἤτοι μὲν πρώτιστα Χάος γένετ'· αὐτὰρ ἔπειτα Γαῖ' εὐρύστερος, πάντων ἕδος ἀσφαλὲς αἰεὶ.
Pois bem, no princípio nasceu Caos; depois, Gaia de amplo seio, a eterna base de tudo.
— Hesíodo, Teogonia, 116-7.
Tudo se inicia com o
Caos: o vazio primitivo e escuro que precede toda a existência. Dele, surge
Gaia (a Terra), e outros seres divinos primordiais:
Eros (atração amorosa),
Tártaro (escuridão primeva) e
Érebo. Sem intermédio masculino, Gaia deu à luz
Urano, que então a fertilizou. Dessa união entre Gaia e Urano, nasceram primeiramente os
Titãs: seis homens e seis mulheres (
Oceano,
Céos,
Créos,
Hiperião,
Jápeto,
Téia e
Reia,
Têmis,
Mnemosine,
Febe,
Tétis e
Cronos); e logo os
Ciclopes de um só olho e os
Hecatônquiros (ou Centimanos).
Contudo, Urano, embora tenha gerado estas divindades poderosas, não as permitiu de sair do interior de Gaia e elas permaneceram obedientes ao pai. Somente
Cronos, "o mais jovem, de pensamentos tortuosos e o mais terrível dos filhos", castrou o seu pai–com uma foice produzida das entranhas da mãe Gaia – e lançou seus genitais no mar, libertando, assim, todos os irmãos presos no interior da mãe. A situação final foi que Urano não procriou novamente, mas o esperma que caiu de seus genitais cortados produziu a deusa
Afrodite, saída de uma espuma da água, ao mesmo tempo que o sangue de sua ferida gerou as
Ninfas Melíades, as
Erínias e os
Gigantes, quando atingiu a terra. Sem a interferência do pai, Cronos tornou-se o rei dos deuses com sua irmã e esposa Reia como cônjuge e os outros Titãs como sua corte.
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Deuses gregos
ἐμοὶ δὲ θαυμάσαι θεῶν τελεσάντων οὐδέν ποτε φαίνεται ἔμμεν ἄπιστον.
Para mim, quando os deuses realizam maravilhas, nada parece inacreditável.
— Píndaro, Pi, P. 10.48-50.
Quando Cronos tomou o lugar de Urano, tornou-se tão perverso quanto o pai. Com sua irmã Reia, procriou os primeiros deuses olímpicos (
Héstia,
Deméter,
Hera,
Hades,
Posídon e
Zeus), mas logo os devorou enquanto nasciam, pelo medo de que um deles o destronasse. Mas Zeus, o filho mais novo, com a ajuda da mãe, conseguiu escapar do destino e travou uma guerra contra seu progenitor, cujo vencedor ganharia o trono dos deuses. Ao final, com a força dos Cíclopes – a quem libertou do Tártaro – Zeus venceu e condenou Cronos e os outros Titãs na prisão do Tártaro, depois de obrigar o pai a vomitar seus irmãos.
Entre os principais deuses gregos estavam os olímpicos, que residiam no Olimpo abaixo dos olhos de Zeus. Nesta fase, os olímpicos não eram os únicos deuses que os gregos adoravam: existiam uma variedade de divindades rupestres, como o deus-cabra Pã, as ninfas—
Náiades (que moravam nas nascentes),
Dríades (espíritos das árvores) e as
Nereidas (que habitavam o mar) —, deuses de rios,
Sátiros e outras divindades que residiam em florestas, bosques e mares. Além dessas criaturas, existiam no imaginário grego seres como as
Erínias (ou
Fúrias), que habitavam o submundo e cuja função era perseguir os culpados de homicídio, má conduta familiar, heresia ou perjúrio.
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Era heróica
O fato de entre os homens e os deuses existir ainda uma terceira classe especial de heróis, que são denominados também "semi-deuses", é uma particularidade da mitologia e da religião gregas para a qual quase não existem paralelos.
— Walter Burkert, 1993.
Embora sujeitos à mortalidade, os heróis/semi-deuses se diferenciavam dos humanos pelo fato de serem capazes de façanhas impossíveis, talvez pelo fato de serem frutos de uma relação entre um mortal e um deus.